terça-feira, 17 de junho de 2008

Um dia pus a mochila às costas e decidi ir conhecer mundo



O comboio afastava-se da cidade sem cessar, e para trás deixava aquela sensação de tristeza que só os terminais encerram.
Não me recordo de ver o rosto de ninguém, nem sequer de acenos. Só a minha imagem reflectida no vidro, os olhos leitosos e o cabelo dourado a perder o seu brilho.
Parti sem remorsos, era tarde e o caminho descobria-se franco a cada viagem. Pensara que esta partida me impediria de alguma vez querer voltar. De tempos a tempos recordava-me de alguns momentos já tão longínquos.
A pouco e pouco, as fisionomias foram-se confundido, deixei de recordar tão distintivamente as pessoas e os sítios; desvaneceram-se alguns pormenores e as novas descobertas tomaram o lugar do passado.
Numa das minhas paragens encontrei um bilhete teu deixado na minha carteira. Pensei que eram mesmo coisas tuas. Suspirei e tremi compassadamente enquanto lia as palavras: « Um dia largamos tudo e fugimos.»
Vaguei Norte a Sul, só porque não tinha nenhum sitio onde pudesse permanecer sem me fartar e por não haver nenhum lugar para onde ir a não ser para todo o lado.


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