sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Pós-FCSH



Estavamos em 2004. Á entrada do território académico cruzava-me com o público que saía. Era uma massa de gente que levitava, de olhar perdido, a esforçar-se por regressar ao contacto com o mundo quotidiano. Esbarrava-me com uns quantos com a mesma expressão alheada mas com um sorriso imenso, infantil. Com aquele ar de não-entendo-muito-bem-a-onda-mas-sinto-que-faço-parte-de-algo-importante. E seria isso que poderia ser a definição para os meus anos como universitária.
Agora, no mundo exterior à FCSH, sinto o fracasso, não só não entendo nada como não quero entender, como suspeito não haver nada para entender. E pior, bem pior: não hã qualquer vestígio de estar a fazer parte de algo importante.
A realidade é circular, vazia, inconsequente. Onde antes havia mistério agora há absurdo, onde antes se alimentava uma tentativa de descobrir a própria identidade, mesmo sabendo que nunca seria encontrada, agora percebe-se, muito rapidamente que não há identidade alguma.
Ao longo destes anos fui confirmando que a vida não é para perceber, mas para sentir. E por vezes, sente-se mal. Sente-se náuseas. Pior que tudo, sente-se tédio.


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